Rafael Vitto
Estamos no tempo da Quaresma. E o convite da igreja é para que façamos penitência. Há muito tempo se tem o bonito costume de escolher uma prática penitencial para se fazer durante os 40 dias propostos. Mas qual é a melhor prática? Como escolher uma penitência? Esse tem sido um questionamento frequente e comum no meio dos fiéis.
Geralmente, a primeira coisa a se pensar é algo que gostamos e vamos deixar de comer durante esse período. Porém, nem sempre essa estratégia é a mais eficaz, notando que boa parte das pessoas acaba se desequilibrando em outros aspectos para compensar essa falta, ou, ao final da Quaresma, retoma aquele hábito, nem sempre saudável, com mais gosto e intensidade. Um espírito é expulso, mas logo voltam sete outros com ele (cf. Lc 11, 24-26).
Por isso, é importante voltarmos ao real sentido desse tempo. O grande mover da Quaresma é a conversão, verdadeira e permanente. Para tal ideia, um bom caminho a ser pensado é a prática da virtude. Tantas pessoas precisam praticar algo que seja remédio para seus vícios, como, por exemplo, alguém que se perde em sites da internet ou aplicativos poderia excluí-los, poderia se organizar para vê-los em tempos determinados. Alguém que vive envolto em preguiça poderia buscar fazer mais atividades físicas ou organizar melhor seus pertences sem deixar as coisas para depois. É preciso sabedoria e estratégia para combater os vícios, e praticar o autoconhecimento para que você perceba quais são eles.
Outro caminho interessante é intensificar a vida de oração com práticas mais permanentes, como, por exemplo, fazer um estudo da Palavra de Deus diário, rezar o terço, ir mais vezes à Santa Missa, realizar períodos de adoração, entre tantas outras práticas como ensina Santo Agostinho: “Vale mais uma lágrima derramada ao lembrar da Paixão, do que o jejum a pão e água em cada semana”. A prática da Via-Sacra ou meditação da Paixão de Jesus através de livros é algo muito indicado neste tempo.
O beato Dom Columba Marmion, no segundo capítulo de seu livro “A união com Deus em Cristo”, diz que o grande segredo da santidade é amar a Deus. Colocar amor em tudo o que fazemos, mesmo que sejam coisas pequenas, mas feitas por amor, essas coisas ganham grandes méritos. Assim como entregar toda a nossa vida a Ele, nosso coração, ideias, tudo consagrar a Ele. Esse é o caminho mais perfeito da santidade. “O valor de toda a nossa vida depende do motivo que nos impele a agir. Ora, não há dúvida que o motivo mais elevado é o amor”. Dizia São Paulo: “Amou-me e entregou-se a Si mesmo por mim” (Gl 2,20b). Esse é o grande segredo da Quaresma: amar!
Somos motivados ao jejum, oração e esmola. Podemos praticar os três de modo mais intenso, mas te aconselho a não propor muitas coisas nem coisas muito difíceis, pense coisas concretas, se concentre em algo que lhe converta e lhe faça crescer no amor. Dessa maneira, você terá uma Quaresma plena e de mudanças verdadeiras. Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.
Rafael Vitto é seminarista na Comunidade Canção Nova. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia é atuante na paróquia São Sebastião, em Cachoeira Paulista