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Estudo de âmbito mundial aponta: apenas 54% dos eventos esportivos de 2020 serão finalizados

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Vista das quadras onde são disputadas as partidas de tênis de Wimbledon, torneio cancelado em 2020 devido à Covid-19

Pandemia provocada pelo coronavírus será responsável por queda histórica dos lucros que as competições deveriam gerar na temporada: entre as que têm maiores probabilidades de ainda virem a ser promovidas, a regra geral deverá ser a ausência de público em estádios, quadras e pistas

Por Marcelino Lima

Uma agência norte-americana de marketing esportivo, a Two Circles, divulgou nesta semana estudo no qual aponta: devido à pandemia do coronavírus (Covid-19), apenas 53% dos eventos do setor, previstos para 2020 em âmbito global, deverão chegar concretizados ao final da temporada, ou seja, serão efetivamente realizados e terão um vencedor.
O alastramento da doença pelo mundo já paralisou desde o Campeonato Mundial de Fórmula 1, antes mesmo de os carros acelerarem em busca da bandeira quadriculada nas corridas da categoria, a torneios de futebol em andamento como a Champions League, a Copa Libertadores da América e os estaduais, além de obrigar a transferência para 2021 da Copa América, da Eurocopa e dos Jogos Olímpicos de Tóquio, sem contar o encerramento sumário da Superliga de Vôlei — que em sua versão feminina estava entrando nas quartas de final e contava com a participação de duas equipes da região em busca do título, o Osasco Audax e o São Paulo/Barueri. Também houve o inédito cancelamento – desde a Segunda Guerra Mundial – do torneio de tênis de Wimbledon, um dos quatro do chamado Grand Slam, ao lado de Roland Garros, Australian Open e US Open, que movimentam milionárias cifras e pagam cobiçadas somas em dinheiro aos campeões.
O estudo da Two Circles veio a público no momento em que expressivos países da Europa, a despeito de terem sofrido mais duramente com a infecção, já ensaiam retomadas gradativas, por exemplo, dos jogos de futebol, ainda que com medidas de prevenção como manter os portões fechados às plateias. O relatório da agência norte-americana considerou como um dos principais critérios em sua análise eventos profissionais com um público mínimo de 5 mil pessoas e, dentro deste universo, listou 48.803 dos que estavam programados para este ano. A conclusão apontou: deste total, somente 26.424 deverão ser finalizados dentro de campos, quadras, piscinas ou pistas, por exemplo.
Neste cenário, o impacto financeiro, com vultosas perdas em receitas, será inevitável: se as projeções iniciais apontavam lucros da ordem de US$ 135,3 bilhões para divisão entre os envolvidos, a pandemia fez esta conta despencar para US$ 73,7 bilhões, provocando um desfalque de consideráveis US$ 61,6 bilhões (45,52%).
Mesmo assim, Gareth Balch, CEO da Two Circles, à luz dos dados que a agência colheu, apesar dos prejuízos apontados, fez ponderações mais otimistas. Para ele, comparada à maioria das outras indústrias, nos tempos mais recentes de economia adversa, os esportes demonstraram maior resiliência diante das recessões. “Enquanto os esportes ao vivo estiverem interrompidos, cada curva da indústria do esporte vai continuar a sentir uma significante perda financeira”, asseverou Balch, “mas estamos certos de que as competições voltarão, sejam com portas fechadas ou com arquibancadas cheias” e caso esta hipótese se afirme “a economia esportiva vai prosperar mais uma vez”.
Em meio às incertezas, nos Estados Unidos, Anthony Fauci, considerado o maior infectologista e um dos líderes do combate ao coronavírus do país, acredita que a única forma para que eventos esportivos ocorram ainda em 2020 será não permitir a entrada de público e isolar atletas e jogadores em hotéis. Saídas como estas são, justamente, as que estão sob análise na Federação Paulista de Futebol (FPF) e, ao que tudo indica, deverão ser as adotadas pela entidade, com a concordância dos clubes, para permitir a conclusão dos estaduais assim que a bola puder voltar a rolar.
Na semana passada, representantes da entidade como o presidente Reinaldo Carneiro Bastos e dirigentes de todos os 48 clubes de futebol que disputam as Séries A1, A2 e A3, promoveram videoconferências durante as quais a pauta comum foi, justamente, a retomada segura dos respectivos torneios assim que as autoridades sanitárias derem sinal verde. Ao término daquelas reuniões virtuais, um comunicado conjunto (que traz praticamente o mesmo teor para as três divisões) foi expedido e, entre os quatro principais tópicos, arrola fundamentalmente que os torneios “serão concluídos em campo”, conforme estabelece o regulamento das competições, mas ainda em datas a serem definidas posteriormente, preservando a saúde de todos os atores, com o menor deslocamento possível e com os jogos podendo ser realizados, inicialmente, com portões fechados, evitando qualquer risco de aglomerações.
Suspenso desde 16 de março, data na qual o Guarani bateu em Campinas a Ponte Preta por 3×2 e restavam, ainda, duas das doze rodadas da fase de classificação, o Campeonato Paulista da Série A1 deveria acabar neste domingo, 26, quando seria realizado o segundo jogo da final. No Paulistão 2020, a região é representada pelo Oeste, de Barueri, que aparecia em segundo lugar no grupo A, com 10 pontos, após uma fase das mais irregulares e nas quais flertou com a zona de rebaixamento.
O mesmo calendário valia para a Série A2, com o campeão dando a volta olímpica no sábado, 25; o Grêmio Osasco Audax lutava com boas chances na etapa de classificação e poderia, portanto, estar entre os finalistas a esta altura. Já as finais da A3, marcadas para começar na segunda quinzena de maio, por sua vez, dificilmente teria a presença do Grêmio Esportivo Osasco (GEO), posto que a equipe encontrava-se pelejando sair do atoleiro e era uma das quatro piores do torneio, em 13º lugar, com 10 pontos.

QUARTA DIVISÃO
No final da semana passada, com a presença de 42 equipes, deveria ser dada a largada da “maior competição do Estado de São Paulo”, o campeonato que a FPF trata como sendo o da Segunda Divisão, mas que, na verdade, trata-se do quatro degrau do futebol bandeirante; com formato diferente dos últimos anos, os 42 times seriam divididos em seis grupos de sete times cada, com os dois melhores de cada chave avançando para a segunda fase, ao lado dos quatro melhores terceiros colocados. Uma dessas equipes é o Osasco Futebol Clube, que deveria receber no estádio Prefeito José Liberatti (no Rochdale, casa também dos times locais da A2 e da A3) seus adversários do grupo 6: Elosport, Itararé, Jabaquara, Mauá, Mauaense e Taboão da Serra.