Mais uma vez, como faz todos os finais de ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no dia 16 de dezembro de 2022, os dados do fechamento de mais um ano sobre os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios brasileiros. Como tem ocorrido regularmente, os números abordam o período de dois anos atrás, neste caso alusivos ao ano de 2020. O levantamento é elaborado em parceria com os órgãos estaduais de estatística, as secretarias estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus – Suframa.
O PIB, em resumo, significa mensurar (medir) toda a riqueza produzida dentro de uma cidade, um estado ou um país. No caso do presente estudo, a mostra revelou os números das cidades brasileiras, levando-se em conta os valores adicionados brutos dos três grupos de atividade econômica: Agropecuária; Indústria e Serviços – além da administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social –, devido à importância dessa atividade na economia brasileira; bem como os impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos; o PIB e o PIB per capita (por pessoa).
Essas informações, além de estabelecer relações macroeconômicas, possibilitam traçar o perfil econômico de cada um dos municípios brasileiros. São instrumentos que conferem diversos significados aos dados do PIB dos municípios, mostrando, por exemplo, padrões de concentração e dispersão associados às formas e densidades de povoamento, bem como às funções econômicas e político-administrativas das diferentes partes do território nacional.
PANDEMIA ‘DERRUBA’ GRANDES CENTROS
O principal atrativo do relatório do IBGE é a divulgação do ranking com os 100 melhores PIBs do país que, ano após ano, é liderado pela cidade de São Paulo. Assim foi no PIB anterior, de 2019, quando a Capital paulista já registrava participação nas riquezas produzidas no país em torno de R$ 763,8 bilhões.
Mas o PIB divulgado neste momento tem uma peculiaridade: ele trata justamente do ano (2020) em que a pandemia da Covid-19 chegou oficialmente no Brasil. Ela se iniciou por volta de novembro de 2019 na China, mas foi em março de 2020 que começaram as restrições aos brasileiros, com fechamento do comércio e indústria, proibição de circulação das pessoas e a natural queda na produtividade do país e das riquezas aqui produzidas, justamente o que é medido pelo PIB.
Os grandes e principais centros de desenvolvimento do país registraram queda na realização dessa produtividade. Por exemplo: no ranking do ano passado, com PIB de 2019, os três primeiros colocados apresentaram queda para 2020. Foram os casos das cidades de São Paulo (SP), com queda de 4,47%; Rio de Janeiro (RJ), queda de 6,67%; e Brasília (DF), com redução de 2,84% de um ano para outro. Só essas três cidades, juntas, representam quase 18% de todo o PIB nacional (São Paulo – 9,84%; Rio de Janeiro – 4,35% e Brasília – 3,49%) e, apesar disso, permaneceram nas três primeiras posições do ranking nacional.
O mesmo exemplo pode ser verificado com as duas principais economias da região Oeste da Grande São Paulo: Osasco e Barueri também reduziram seu montante de produção de riquezas na comparação de 2020 com 2019. Osasco, com PIB de R$ 76,3 bilhões, teve queda de 6,85% em relação aos R$ 81,9 bilhões de 2019; enquanto Barueri, com R$ 51,2 bilhões, apresentou redução de 2,96% em relação aos R$ 52,8 bilhões do ano anterior.
Apesar disso, nenhuma das duas cidades perdeu posições no ranking nacional; pelo contrário, cada uma delas ganhou posições: Osasco subiu a 7ª para a 8ª colocação entre os melhores PIBs do país, enquanto Barueri subiu da 15ª para a 14ª colocação (ver quadro).
INVERSÃO
Curiosamente, entre os municípios de menor produtividade econômica, o registro seguiu caminho inverso, ou seja: apesar da pandemia e suas restrições, apresentaram crescimento em relação ao ano anterior. Isso foi amplamente sentido nas outras cinco cidades da região Oeste da Grande São Paulo: Carapicuíba (crescimento de 1,09%), Itapevi (+ 4,47%), Jandira (+10,51%), Pirapora do Bom Jesus (+ 7,29%) e Santana de Parnaíba (+5,14%).
Apesar da boa notícia a cada uma delas, esse sentimento também esbarrou em outros tantos pequenos municípios brasileiros que, no final das contas, acabaram melhorando suas posições no ranking nacional. Por conta disso, dessas cinco cidades da região, apesar do registro de crescimento nominal do valor do PIB, pelo menos três delas caíram no ranking nacional: Carapicuíba (da 188ª posição para a 193ª), Itapevi (de 91º para 93º) e Pirapora do Bom Jesus (de 1.447º para 1.508º). Apenas Jandira e Santana de Parnaíba subiram no ranking: Jandira (de 255º para 245º) e Santana de Parnaíba (de 133º para 125º) – ver quadros.
O analista de Contas Regionais do IBGE, Luiz Antônio de Sá, avalia tal situação: “Os resultados de 2020 evidenciam que os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre as economias municipais variaram de acordo com a importância das suas atividades de serviços, sobretudo as presenciais. Isto porque estes serviços agregam as atividades com as maiores quedas de participação no país, entre 2019 e 2020, sendo as mais afetadas pelas medidas de isolamento social e queda da demanda durante o ano”, completa.
A REGIÃO
De forma geral, a queda no valor nominal das cidades de Osasco e Barueri em relação ao ano anterior, apesar do crescimento entre aquelas de menor expressão econômica, fez com que o PIB da região Oeste decrescesse em 2020, com R$ 161,396 bilhões, em relação a 2019 (R$ 167,010 bilhões). Uma queda geral de 3,36%.
Os dados positivos, no entanto, são justamente a conquista de posições por parte de Osasco e Barueri no ranking nacional. Osasco, por exemplo, subiu das 8ª para a 7ª colocação entre os melhores PIBs do país. Assim como vem ocorrendo nos anos anteriores, à frente dela – nesse ranking – só existem capitais de estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Manaus e Curitiba). Levando-se em consideração apenas as riquezas produzidas no Estado de São Paulo, Osasco continua sendo a 2ª mais importante, atrás somente – e justamente – da Capital.
Na semana da divulgação do estudo pelo IBGE, o prefeito de Osasco, Rogério Lins (Podemos), manifestou-se sobre o tema pelas redes sociais: “A vinda de muitas empresas, que geram diversas oportunidades e a força do nosso povo, fizeram a diferença mais uma vez! Ainda temos muitos desafios pela frente, mas dá muito orgulho saber que Osasco, entre 5570 cidades, é uma das que mais crescem no país”, escreveu.
Por usa vez, Barueri também subiu da 15ª para a 14ª posição no ranking nacional; mas permaneceu na mesma 5ª colocação do ranking estadual paulista. Em ambos os cenários, à sua frente, além das capitais de estado, aparecem Osasco, Guarulhos e Campinas.
Além de Osasco e Barueri, o município de Itapevi é o único outro da região que continua constando do ranking dos 100 melhores PIBs do país, apesar de ter caído da 91ª para a 93ª posição, com 12,5 bilhões de riquezas produzidas em 2020. Aliás, essa posição de Itapevi vem caindo ano após ano: chegou a constar em 75º em 2016, caiu para 84º em 2017; para 87º em 2018; e 91º em 2019.
Os outros quatro municípios da região não constam entre os 100 melhores do país e apresentaram a seguinte performance em 2020, na comparação com 2019: Santana de Parnaíba, com PIB de R$ 9,9 bilhões subiu no ranking nacional da 133ª para a 125ª posição e no cômputo estadual permaneceu na 42ª colocação. Jandira, com R$ 4,5 bilhões subiu no nacional (de 255 para 245) e também no estadual (de 78 para 75). Carapicuíba e Pirapora do Bom Jesus caíram nos dois rankings: Carapicuíba foi da 188ª posição para a 193ª no nacional e da 62ª para a 64ª no estadual; enquanto Pirapora caiu da 1.447ª para a 1.508ª colocação nacional e da 280ª para a 288ª no estadual.
PIB PER CAPITA
Apesar de boas participações no ranking dos valores absolutos, quando o valor da produção das riquezas das cidades da região é confrontado com o número de habitantes de cada uma delas, tais resultados não são tão favoráveis assim. Trata-se do PIB per capita, que o IBGE aponta de forma simples, dividindo o valor total do PIB pelo número de habitantes de cada cidade.
Na comparação nacional, Barueri continua sendo a cidade da região que melhor posição ocupa, ficando na 28ª colocação (mantém a mesma posição de 2019), com um PIB per capita de R$ 185,0 mil. Ou seja: em 2020, se o PIB total da cidade fosse dividido por seus 276 mil habitantes (dados daquele ano), cada um deles teria o montante de R$ 185 mil no ano. Osasco, com o 7º melhor PIB do país, caiu muito na avaliação per capita e aparece nesse ranking somente na 92ª posição (em 2019 estava na 60ª colocação).
A própria Capital paulista não tem boa posição nesse aspecto da justiça social para com seus cidadãos e aparece somente na 349ª posição do ranking nacional, com PIB per capita de R$ 60,7 mil. A melhor do país nesse quesito é a cidade de Canaã dos Carajás, no Pará, com média de R$ 591,1 mil por pessoa.
As demais cidades da região praticamente “desaparecem” no cenário nacional per capita: Santana de Parnaíba é a 245ª (em 2018 era a 185ª); Itapevi aparece em 535º (era 421ª no ano anterior); Jandira ocupa a 1.225ª posição (era 1.133ª); Pirapora em 1.960ª (era 1.787ª) e, por último, Carapicuíba é apenas a 3.427ª do país (era a 3.207ª em 2019) – ver quadro.
Em todo o país, o IBGE computou dados de 5.570 municípios.
O PIB Brasileiro, nos últimos anos, apresentou os seguintes valores absolutos: R$ 5,99 trilhões em 2015; R$ 6,26 trilhões (2016); R$ 6,28 trilhões (2017); R$ 7,04 trilhões (2018); R$ 7,1 trilhões (2019); R$ 7,4 trilhões (2020); R$ 8,9 trilhões (2021).