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Usar é melhor do que ter

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José Renato Nalini

Novas tendências podem ser verificadas por aqueles que têm condições de observar. Muita gente não consegue enxergar que as coisas acontecem. A juventude prefere usar a ter. Daí o sucesso de pequenos studios ou lofts, em lugar de uma residência ampla, como era a aspiração dos antigos.
Na Grã-Bretanha, haverá uma experiência com setenta e três empresas, para testar a semana de quatro dias. O avanço tecnológico permite que se trabalhe em casa ou de qualquer ponto do planeta. Como ficará a relação entre os humanos e as máquinas?
O tempo inteiro falamos com máquinas. WhatsApp, aplicativos, etc. nós temos skills que as máquinas não têm. As habilidades essencialmente humanas ainda não chegaram aos equipamentos.
A solução é buscar a melhor combinação entre os recursos disponíveis – inteligência artificial, robótica, blockchain, tudo isso – e cuidar da consciência. A tecnologia redefiniu todas as profissões. Qual delas não é impactada pela tecnologia?
Será que a redução do tempo de trabalho tornará as pessoas mais afáveis, mais cordatas, mais dispostas a conversar entre si? Existe um site interessante cujo nome é, aproximadamente, “a tecnologia vai roubar o meu trabalho?”. Digitando sua profissão ou atividade, você saberá o percentual de possibilidade de ser substituído por um robô.
A vida está sendo reinventada. Há um caleidoscópio de carreiras. As pessoas têm de se adaptar ao inesperado e responder aos desafios. Fazendo aquilo que é necessário, aquilo que é mais agradável e prazeroso. Não se pode pensar mais em uma carreira só, em uma profissão apenas. Tudo é possível. Dentre os dez empregos mais procurados, seis não existiam no passado.
Será que o anacronismo consegue detectar essa realidade? A educação é algo importantíssimo e tem sido negligenciada neste Brasil. O aluno tem toda razão quando se autoindaga: estou de fato aprendendo alguma coisa de útil para a minha vida?
Viver mais e viver melhor é o que os humanos querem. Pobres daqueles que só pensam ainda em juntar bens, motivo de conflito e desunião dos herdeiros, pois a vida é frágil e efêmera. Não vale a pena juntar, acumular e esquecer de viver.

José Renato Nalini é reitor universitário, docente de pós-graduação e presidente da Academia Paulista de Letras