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Prefeitos da região não aumentam tarifas de ônibus, mas também não deixam claro se reajuste ainda virá em 2024

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Foto: Marco Infante/PZ

Reajuste nas tarifas de ônibus não veio neste início de ano. Mas será que ainda vem em 2024?

No final do ano de 2023, em sua edição de 29 de dezembro (ed. nº 1628), este jornal Página Zero divulgou a informação de que o prefeito de Osasco, Rogério Lins (Podemos), havia sido o primeiro de toda a região a se manifestar em relação ao reajuste das tarifas de ônibus municipais, normalmente majoradas todo início de ano. De forma geral, é sempre nas últimas horas do ano que os prefeitos tomam tais decisões, pegando de surpresa a população usuária do transporte coletivo em cada uma das cidades.
Naquele momento, um pouco antes, em 21 de dezembro, Rogério Lins emitiu uma Nota Oficial informando que, na cidade, não haveria (e não haverá) reajuste na tarifa dos ônibus no ano de 2024, permanecendo a mesma nos atuais R$ 5,30. Portanto, um compromisso oficial de que não só no início deste ano, mas durante todo ele, a Prefeitura não irá autorizar o reajuste.
O anúncio do prefeito de Osasco coincide com o fato de 2024 ser dedicado às eleições municipais, e os reajustes de valores – de qualquer espécie – pode naturalmente recair em pretensões eleitorais de quem quer que esteja de olho no voto popular. Apesar disso, em sua Nota Oficial, Lins não explicou os motivos de sua decisão e ainda a enalteceu, informando que “quem usa o Cartão Bem vai pagar mais barato pela tarifa, que cai de R$ 5,30 para R$ 5,00. Já os estudantes pagarão a tarifa de R$ 2,50. Antes, eles pagavam R$ 2,65”, encerrava a Nota.

O CENÁRIO

A iniciativa do chefe do Executivo de Osasco gerava expectativas em relação ao que os demais prefeitos da região pudessem adotar, já que, via de regra, eles acabam tomando decisões em bloco ou, pelo menos, de forma parecida. Foi assim que aconteceu, por exemplo, na passagem de 2022 para 2023, quando Rogério Lins (Osasco), Marcos Neves (Carapicuíba), Rubens Furlan (Barueri) e Igor Soares (Itapevi) resolveram, juntos, reajustar as tarifas dos ônibus em suas respectivas cidades dos R$ 5,00 para os atuais R$ 5,30. O prefeito de Jandira, Dr. Sato (PSDB), ficou de fora desse bloco no início do ano; porém seis meses depois, em julho, acabou também decretando o reajuste das linhas municipais para os mesmos R$ 5,30.
A rigor, o único que não participou dessa “decisão coletiva” foi o prefeito de Santana de Parnaíba, Marcos Tonho (PSDB), que antes de toda a movimentação chegou a publicar um decreto informando que não haveria reajuste na sua cidade, e manteve o preço das passagens de ônibus em R$ 4,50, tarifa que não é aumentada de 2019.

SEM CLAREZA

Com a chegada de 2024, e mais uma vez sem se comunicar diretamente com a população, os prefeitos da região Oeste simplesmente se silenciaram sobre o tema. De forma positiva para os usuários do transporte coletivo, pelo menos, não se viu a publicação de decretos ou decisões que determinassem o aumento nos valores das passagens.
Assim, a reportagem do jornal Página Zero procurou cada uma das prefeituras da região Oeste para saber se realmente o “silêncio” dos prefeitos significa que o reajuste está descartado; se o tema está sendo abordado de alguma forma em seus gabinetes; ou se a população pode ainda esperar a notícia do aumento para os próximos dias ou semanas.
Por e-mail e pelo WhatsApp, a reportagem enviou questionamentos às assessorias de Comunicação e Imprensa de cada um dos prefeitos “se há alguma previsão de reajuste das tarifas de ônibus municipais neste início de 2024”. Apesar de citar o início do ano, é natural imaginar que a expectativa da população depreende tratar-se de medida por todo o ano ou não.
Nesse sentido, as respostas enviadas à Redação do jornal Página Zero não deixam totalmente claras as intenções de cada um dos prefeitos.
Foram os casos, por exemplo, das respostas enviadas pelas assessorias dos prefeitos de Barueri (Rubens Furlan) e de Santana de Parnaíba (Marcos Tonho). Nos dois casos, eles informaram que “até o momento” não há definição sobre o tema. A resposta de Rubens Furlan foi: “Até o momento, não há nenhuma determinação com relação a esse tema”; enquanto a de Marcos Tonho foi: “Até o momento não há previsão ou definição do aumento da tarifa dos ônibus municipais”. Portanto, não são taxativos para esclarecer se, “depois deste momento”, o reajuste poderá vir.
Em outras duas respostas, a esperança da população pode ser aumentada. Em Carapicuíba, por exemplo, a resposta da assessoria do prefeito Marcos Neves foi “Agradecemos a oportunidade de informar. A Prefeitura de Carapicuíba informa que não haverá aumento da tarifa de ônibus municipal”; e no caso de Jandira, a resposta do prefeito Sato foi parecida: “Boa tarde. Informamos que, aqui em Jandira não haverá aumento na tarifa. A princípio, os valores permanecerão os mesmos, inclusive no cartão municipal”. Nos dois casos, entretanto, Neves e Sato perderam a oportunidade de deixar claro que o aumento não ocorrerá durante todo o ano de 2024; ou preferiam ignorar de propósito tal informação. Afinal, no caso de Jandira, por exemplo, o aniversário de um ano do reajuste acontecerá em julho.
Já o prefeito de Itapevi, Igor Soares (Podemos), deve ter adotado a mesma postura de quando aumenta de última hora os valores, sem se comunicar com a população com antecedência, e, seguindo o padrão, sua assessoria sequer enviou resposta à Redação do jornal, impedindo que o morador da cidade saiba quais as intenções da Prefeitura em relação ao tema, pelo menos neste início de ano.
Essas são as seis cidades da região onde há o serviço de transporte público municipal (Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira, Itapevi e Santana de Parnaíba). Na cidade de Pirapora do Bom Jesus não há linhas municipais e, portanto, a Prefeitura local não foi consultada pelo jornal.
Enquanto os prefeitos respondem, de forma clara ou não; tomam suas decisões ou não; quem ainda não se manifestou sobre essa “ausência” dos reajustes são as empresas de ônibus da região, concessionárias desse serviço público, principais interessadas na eventual majoração dos preços das passagens.

Trens, Metrô e intermunicipais mais caros

Diferentemente do que ocorre na região Oeste, onde pelo menos até agora os prefeitos não adotaram nenhuma postura em relação ao possível aumento nas tarifas de ônibus municipais – à exceção do prefeito de Osasco, Rogério Lins, que já determinou que na cidade não haverá aumento em 2024 – na Região Metropolitana o cenário é outro: desde o final de 2023, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) já havia determinado que haveria (como houve) reajuste nos preços das passagens dos trens da CPTM, do Metrô e também das linhas de ônibus intermunicipais (metropolitanas, operadas pela EMTU).
Assim, desde o dia 1º de janeiro de 2024, as passagens dos trens e do Metrô, que custavam R$ 4,40, sofreram um reajuste de R$ 0,60 (13,63%) e já estão custando R$ 5,00. Segundo o governador, a aumento era necessário pois o valor não era reajustado desde 2020. As tarifas dos ônibus intermunicipais variam de acordo com o percurso, mas tiveram também o mesmo percentual de reajuste.
Com isso, os preços desses modais de transporte passam a ficar desiguais em relação aos preços adotados na Capital, já que, também no final do ano, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) havia anunciado que as tarifas dos ônibus municipais não teriam aumento e continuam custando os mesmos R$ 4,40 por viagem. Desde 2012 as tarifas dos ônibus municipais da Capital, dos trens e do Metrô eram iguais.
Ricardo Nunes também anunciou a “tarifa zero” nos ônibus da Capital, já adotada aos domingos e principais feriados.

Apesar da falta de anúncio de aumento nas linhas municipais, as tarifas
dos ônibus metropolitanos estão mais caras desde o dia 1º de janeiro. – Foto: Marco Infante/PZ