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Um ano de pandemia

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Roberto M. da Silva

A Covid-19 apareceu causando surpresa e aflição em todas as instâncias da sociedade, seja para a economia, a política, a educação, ou para as pessoas, no que se refere aos relacionamentos, sentimentos próprios, etc. Em tudo praticamente houve a interferência desse vírus que assolou o mundo.
Já às vésperas de completar um ano do primeiro caso confirmado do vírus no Brasil, é importante recordar os fatos, e tentar perceber como as coisas chegaram à situação em que estamos hoje. Que a análise e a percepção da situação atual sejam o ponto de partida para refletirmos e estarmos sempre atentos àquilo que acontece ao nosso redor.
A partir do alerta da China, o mundo percebeu o quanto esse vírus era altamente contagioso. Em poucos dias fez 200 vítimas e 10 mil infectados. O primeiro caso confirmado pelo Ministério da Saúde no Brasil foi em 26 de fevereiro de 2020, de um homem que retornava da Itália.
Com o avanço do contágio, iniciaram-se as recomendações de distanciamento social, limpeza de superfícies e uso de máscaras, que se tornaram as principais medidas de prevenção à doença. Rapidamente a sociedade teve que se adaptar às novas circunstâncias.
Como consequência dessa nova realidade, veio então o medo do contágio, o isolamento  social, a diminuição da renda, o corte dos postos de trabalho e o temor pela perda de membros da família e da comunidade. Em muitos países, as fronteiras foram fechadas e foi preciso adotar um confinamento mais rígido.
Cada um desses agravantes deixou a população com um sentimento de terra arrasada. Diante de todo esse contexto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) formalizou um alerta para não só reforçar o combate ao coronavírus, mas também aumentar o investimento em saúde mental.
Dentro desse cenário tão desolador, vemos que o desejo de todos é o retorno de uma vida normal e, para isso, a esperança não pode cessar.
Muitas imagens foram fundamentais para que a esperança se mantivesse acesa. Alguns pacientes saíram das unidades de saúde com uma placa afirmando que venceram a Covid-19; recorremos aos encontros online que ajudaram a diminuir um pouco a saudade do convívio; inúmeras campanhas e ações solidárias se multiplicaram em todo mundo para atender pessoas em situação de vulnerabilidade.
Também marcaram as imagens de educadores e estudantes conseguindo vencer as barreiras e dificuldades do ensino remoto, e a dos pesquisadores que se apressaram para dar andamento aos estudos que estão possibilitando vacinas em tempo inédito de desenvolvimento, como parte importante da solução.
Tais imagens veiculadas pelos meios de comunicação, nada mais são do que a maneira como se busca expressar a esperança. É a esperança que nos ajuda a perceber a situação e enfrentar as circunstâncias em busca de alternativas e possibilidades.
Quando a pessoa alimenta a esperança na própria vida, ela se empenha, se esforça, seja fisicamente, intelectualmente, para que nesse momento de mudanças tão repentinas e de isolamento social, possa suportar melhor a ansiedade e evitar a depressão.
Buscar condições para obter resignação e equilíbrio emocional se tornou fundamental para que o ser humano, a partir da esperança, perceba que pode superar tudo isso. A esperança é o que nos mantém para frente, principalmente em condições de grandes adversidades, como nesse cenário de pandemia, reclusão e desafios sociais.
Não se pode negar que a vacina se tornou para muitos a esperança de um retorno à vida normal, mas convenhamos, a COVID-19 fez despertar as maiores deficiências presentes em nossa sociedade, seja no aspecto econômico, político, social e, principalmente, na saúde.
Estejamos sempre atentos àquilo que acontece ao nosso redor e em nossa sociedade, para que possamos sempre buscar aquilo que nos traz valores cristãos e fundamentais para o desenvolvimento da pessoa humana. É evidente que ainda muita coisa precisa ser feita em nossa sociedade, mas jamais percamos a esperança!
Que Deus sempre nos dê sabedoria para que nossas ações possam ser carregadas de valores que nos aproximem um do outro. E que essa esperança seja a oportunidade para percebermos que Deus age em nossa vida, na nossa história e em nossos corações/.

Roberto M. da Silva é pós-doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro