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A economia do futuro

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Mario Eugênio Saturno

Estudei Ciência da Computação na Universidade Federal de São Carlos, de 1981 a 1984, em uma mesma época que se desenvolvia no Japão a computação de quinta geração, que revolucionaria o uso do conhecimento pelas inteligências artificiais. Os robôs também invadiam as fábricas e pareciam tomar o lugar do ser humano. Nessa época, intuí que o Estado deveria ter o controle social da automação.
Há que se pensar que, talvez, eu estivesse influenciado pela visão estatista das décadas anteriores. Obviamente, criar estatal não deve ser a meta, a tecnologia que os institutos e universidades públicas fazem talvez já seja suficiente para manter o controle.
Os estados e o próprio governo federal deveriam seguir o bem-sucedido exemplo de São Paulo que em 1947 introduziu na Constituição Estadual um artigo que destinava 0,5% da receita tributária para a Fapesp, Fundação de Apoio à Pesquisa, que foi aumentado para 1% em 1989. E, mais: de acordo com a lei que criou essa Fundação, seus custos administrativos não podem exceder 5% do total de suas receitas.
A fixação de um percentual traz estabilidade de recursos financeiros e um orçamento mais estável é essencial para manter a mobilização de pessoas e mesmo de indústrias que forneçam insumos ou se beneficiem direta ou indiretamente pelas instituições de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico. E, nesses 35 anos de trabalho no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o pior que aconteceu é a grande flutuação de verbas; não conseguimos manter um parque industrial para atender as necessidades do país. O militares do Brasil desistiram de fazer um satélite banda L, algo que os argentinos fizeram dois!
Aliás, as fundações financiadoras deveriam investir pesadamente em automação da burocracia. Eu coordeno bolsas de capacitação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, na minha área do INPE. Todas as informações dos bolsistas, supervisores e coordenadores estão no sistema, mas para fazer as prestações de conta, tem-se que redigitar tudo. Estimular a inovação deve começar de dentro. Aliás, senadores e deputados têm que estar atentos e ágeis para a adequação da lei às novidades tecnológicas.
Além disso, esse modelo de bolsas científicas e tecnológicas deveria ser utilizado para treinar e qualificar trabalhadores. Já citei em outro artigo a fabricação de cisternas para as regiões secas ou para amenizar regiões que sofrem enchentes. E temos ainda a energia solar, produção agrícola em pequenos espaços urbanos, etc.
Já discorri sobre os rios aéreos da Amazônia, da importância de manter as florestas brasileiras, seja a Atlântica, Amazônica, Pantanal e mesmo a Caatinga. Estamos queimando, literalmente, riquezas inimagináveis que valem trilhões de dólares e são extintos para sempre pelos estultos despatriotas.
A grande revolução dos últimos anos, sem dúvida alguma, é a impressora 3D, que abre espaço até para a “impressão” de cadeias de moléculas químicas e orgânicas. Na escala microscópica, o potencial microeletrônico é impensável. Hoje, muita coisa pode ser fabricada por uma fração do custo atual. Uma revolução a caminho!

Mario Eugênio Saturno é tecnologista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano