Início Opinião A violência virtual

A violência virtual

1326
0

Dra. Marihá Lopes

Nunca é fácil ler ou ter conhecimento sobre alguém tirando a própria vida, mas infelizmente, há pouco tempo, o fato de um jovem de 16 anos publicar um vídeo em uma rede social foi suficiente para a avalanche de comentários negativos, violentos e homofóbicos. Com a velocidade fora do comum com que informações circulam e viralizam, em instantes, uma vida se vai. Nos últimos anos, o consumo on-line vem aumentando de forma exponencial e com isso temos visto um aumento também no bullying virtual, mais conhecido como cyberbullying. De acordo com a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), uma a cada 30 crianças e adolescentes em 30 países já foram suas vítimas e as redes sociais foram o espaço virtual com mais casos de violência. Pensando nesse excesso de vulnerabilidade que encontramos hoje, o que pode ser feito para minimizar esse tipo de situação?
Os adolescentes são impulsivos por natureza, logo o cuidado precisa ser mais presente. Fique de olho no que é consumido por eles, tente entender o que eles estão acessando, mantenha o diálogo aberto dentro de casa para debater assuntos atuais e esteja atento a mudanças comportamentais. Os adolescentes e também as crianças costumam mudar seus comportamentos quando passam por situações difíceis de serem enfrentadas. Então, se seu filho sempre foi extrovertido e do nada fica mais introspectivo ou violento, preste atenção! Pode ser que algo esteja acontecendo e ele não saiba como falar ou pedir ajuda. Por isso, a comunicação dentro de casa é fundamental. Se, mesmo com o diálogo mais próximo, seu filho ainda estiver diferente, vale a pena buscar ajuda profissional. O psicólogo e o psiquiatra podem ser bons aliados nesse momento. No atendimento psicológico, o jovem poderá se abrir e expor o que está acontecendo e, a partir disso, pode-se montar estratégias em seu cotidiano. A participação da família é um fator muito importante para implementar algumas das estratégias.
Sabemos que os jovens buscam fazer parte de grupos e serem aceitos, mas será que é preciso estar em situações de extrema exposição para passar a ser alguém no grupo? Com tantos debates sobre direitos e aceitações, vale a pena levar para a roda de conversa familiar esses excessos de exposições on-line e buscar equilíbrio na vida desses jovens. Afinal, a vida, de verdade, acontece no off-line.

Marihá Lopes é psicóloga clínica, especialista em terapia cognitiva comportamental e doutora em Psicologia Social