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OMS classifica Covid-19 como pandemia e Ministério da Saúde cria novas ações para combate ao coronavírus

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O ministro Luiz Henrique Mandetta esteve em audiência na Câmara dos Deputados

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou na quarta-feira, 11, como pandemia a Covid-19, doença infecciosa que vem sendo causada pelo coronavírus. A medida é um reconhecimento de que a estratégia de conter a proliferação da doença pelos países do mundo já não é suficiente, o que significa que uma transmissão recorrente está ocorrendo em diferentes partes do mundo e de forma simultânea.
Desde 31 de dezembro, quando a China informou à OMS que um vírus até então desconhecido estava se espalhando pelo país, p micro-organismo já chegou a 114 países. Segundo o último boletim da organização, foram registrados mais de 118 mil casos e 4.291 mortes desde então.
Na prática, ao anunciar a pandemia, a agência de saúde indicou que governos deverão trabalhar não mais para apenas conter um caso; mas também para atender uma parcela da população mais ampla e vulnerável. Estratégias direcionadas apenas para identificar casos e isolar pessoas precisam ser trocadas por um plano sanitário que evite mortes e que beneficie toda a população.

INVERSÃO DE PÚBLICO

No Brasil, diversas ações têm sido anunciadas quase que diariamente pelas autoridades sanitárias para combater a proliferação do vírus. Até a manhã da quinta-feira, 12, o país contabilizava 73 casos confirmados do novo coronavírus e 907 suspeitos. Uma das iniciativas será a antecipação da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza como estratégia para tentar diminuir a quantidade de pessoas com gripe no inverno. O início da campanha está previsto para 23 de março e não mais para a segunda quinzena de abril.
Em entrevista coletiva no dia 27 de fevereiro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que “a antecipação da campanha de vacinação foi possível por um esforço conjunto do Ministério da Saúde, do Instituto Butantan, produtor da vacina, e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido à atual situação de Emergência Internacional de Saúde Pública pelo coronavírus”.
Naquele momento, deveriam ser vacinadas, pela ordem, gestantes, crianças até 6 anos, mulheres até 45 dias após o parto e idosos, público historicamente mais vulnerável à doença, que pode até levar à morte.
De acordo com o ministro, mesmo que a vacina não apresente eficácia contra o coronavírus, será uma forma de auxiliar os profissionais de saúde a descartarem já durante a triagem as várias formas de influenzas na e acelerarem o diagnóstico positivo para coronavírus.
No início desta semana, no entanto, o Ministério da Saúde inverteu a ordem de público-alvo da Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza. Agora, primeiramente, serão vacinados os idosos e os trabalhadores de saúde, que atuam na linha de frente do atendimento à população. A decisão da pasta é mais uma medida de proteção a esses públicos, em especial aos idosos, já que a vacina é uma proteção aos quadros de doenças respiratórias mais comuns, que dependendo da gravidade podem levar a óbito. Outra preocupação é evitar que pessoas acima de 60 anos, público mais vulnerável ao coronavírus, precise fazer deslocamentos no período esperado de provável circulação do vírus, no país.
A primeira fase da campanha continua marcada para começar em 23 de março, em todo o Brasil. A partir de 9 de maio, Dia D de vacinação, serão imunizadas as crianças de 6 meses a menores de 6 anos (5 anos, 11 meses e 29 dias), pessoas com mais de 55 anos, gestantes, mães puérperas (até 45 dias após o parto), população indígena e portadores de condições especiais. A campanha prosseguirá até 23 de maio.

AMPLIAÇÃO DO MONITORAMENTO

Outra medida, divulgada nesta semana, é que o Ministério da Saúde passará a realizar testes para o coronavírus em todos os pacientes internados, em hospitais públicos ou privados, com quadro respiratório grave, independentemente do histórico de viagem das pessoas ao exterior. Além disso, a pasta também passou a orientar que todas as 163 unidades de saúde (postos de saúde, UPA, hospitais) que integram a rede sentinela de síndrome gripal passem a providenciar o teste também em pacientes que tiveram amostras com resultado negativo para outros vírus gripais, independente de viagem ao exterior.
A medida vale para as cidades que tenham casos confirmados da doença. Dessa forma, a pasta procurará ampliar a identificação dos casos de coronavírus e reforçar o monitoramento da circulação no país.
A definição da OMS para que sejam testados pacientes internados com casos graves tem o objetivo de identificar uma eventual transmissão comunitária, que ocorre quando não é possível rastrear a origem da infecção. O Brasil ainda não tem registro de casos de transmissão comunitária. “Pode ser que possamos identificar a transmissão comunitária do vírus no Brasil, como o Canadá já fez. Por isso, aumentamos a sensibilidade da vigilância na busca por uma suposta transmissão comunitária do coronavírus, o que nos permitirá organizar melhor e mais rápido o nosso sistema operacional”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo.

CONVOCAÇÃO DE MÉDICOS 

Na segunda-feira, 9, o Ministério da Saúde também anunciou que irá lançar, ainda nesta semana, um chamamento para cerca de 5 mil profissionais pelo programa Mais Médicos para reforçar a capacidade de assistência em saúde durante a emergência do coronavírus. Capitais e grandes centros urbanos voltarão a participar do programa, que até então vinha priorizando somente municípios de maior vulnerabilidade. A medida é em razão de serem locais com maior concentração de pessoas, o que ajuda a ampliar a circulação do coronavírus.
As inscrições estão previstas para a próxima semana e a expectativa é que os profissionais comecem a atuar em cerca de três semanas. Para o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, a medida vai fortalecer o atendimento nos postos de saúde evitando buscas desnecessárias aos hospitais.

R$ 5 BILHÕES DO LEGISLATIVO

Na tarde de quarta-feira, 11, o ministro Luiz Henrique Mandetta participou de audiência na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), e informou que houve uma negociação com o Legislativo para liberação de até R$ 5 bilhões para ações de enfrentamento ao coronavírus. O recurso, oriundo de emendas da relatoria da casa, será utilizado na Atenção Primária e hospitalar para reforçar as ações contra o vírus. O anúncio foi feito em conjunto com o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia (DEM).
Durante os esclarecimentos aos parlamentares sobre a situação da doença no país, o ministro disse que vai convidar um membro da Câmara para compor um comitê das despesas para conter o micro-organismo. Ele destacou que a intenção é dar celeridade aos aportes no orçamento.