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Lula vence eleição mais acirrada e polarizada da história e irá governar o país pela terceira vez

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Quebrando paradigmas, Lula será o primeiro presidente a exercer o terceiro mandato - Foto: Lula/Facebook

De um universo de 156,4 milhões de eleitores, cerca de 124 milhões (79,41%) foram às urnas no último domingo, 30 de outubro, decidir em 2º turno a eleição à Presidência da República. O acirramento entre as duas candidaturas de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT), que já vinha acontecendo desde a pré-campanha e se manifestou também com a contagem de votos no 1º turno, como era esperado se repetiu nesta fase derradeira da disputa, mas o resultado acabou gerando ineditismos na história das eleições gerais realizadas nos últimos anos no Brasil.
O petista Lula, que já havia liderado a contagem de votos no 1º turno, manteve-se na frente também nesta segunda etapa, mas venceu o pleito com uma margem muito pequena em relação ao seu oponente, a menor já registrada nesse tipo de disputa. No 1º turno, numa disputa entre 11 candidatos, Lula havia ficado na frente com 48,43% dos votos válidos (57,2 milhões de votos), enquanto Bolsonaro somou 43,20% dos válidos (51,0 milhões totais); uma diferença de 5,23% entre ambos.
Agora, no 2º turno, Lula voltou a vencer, melhorou sua marca e subiu para 50,90% (60,3 milhões de votos), mas Bolsonaro também subiu e chegou a 49,10% (58,2 milhões totais). Ou seja: uma diferença de apenas 1,8 ponto percentual, com vantagem de pouco mais de 2,1 milhões de votos em favor do petista.
Com a vitória, Lula também passa a ser o único brasileiro que irá governar o país, a partir de 1º de janeiro de 2023, pela terceira vez, já que foi presidente da República em outros dois mandatos seguidos, entre 2003 e 2010. Passa a ser o presidente mais idoso a tomar posse (completou recentemente 77 anos) e, com sua vitória, interrompe em Jair Bolsonaro o histórico de reeleições a todos os presidentes que ocuparam o posto desde o processo de redemocratização do país, na década de 1980.

EQUILÍBRIO TOTAL

Uma das marcas da eleição presidencial deste ano, resultado do acirramento das duas principais candidaturas, acabou sendo também a polarização entre apenas os dois candidatos Bolsonaro e Lula. Essa polarização praticamente não permitiu chances de votos aos demais candidatos no 1º turno e a disputa também acabou provando uma divisão muito clara no país, registrada não apenas nos discursos, apoios e arranjos eleitorais, mas também apontada no resultado final dos votos. Esse cenário está muito claro no mapa do país: na região Nordeste, em todos os 9 estados, a vitória em cada um deles foi dirigida ao petista Luiz Inácio Lula da Silva. Nas regiões Sul (3 estados) e Centro-Oeste (3 estados mais o DF) a vitória foi absoluta de Jair Bolsonaro. Na região Sudeste, onde se concentra o maior colégio eleitoral do país, dos 4 estados, Bolsonaro venceu em 3 (São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo) e Lula apenas em Minas Gerais. Por fim, neste 2º turno, na região Norte, dos 7 estados, Bolsonaro venceu em 4 e Lula em outros 3.
No final das contas, neste 2º turno, Bolsonaro venceu em 13 estados mais o Distrito Federal (total de 14), enquanto Lula venceu em 13. No 1º turno havia sido justamente o contrário, com Lula vencendo em 14 e Bolsonaro em 13. A diferença de um turno para o outro foi em relação ao Amapá, que no 1º turno deu vitória e Lula e no 2º turno viu Bolsonaro se sair melhor na votação.
Dos 5.570 municípios brasileiros, Lula venceu em 3.125 e Bolsonaro saiu-se vitorioso em 2.445.

BOLSONARO VENCE EM SP

No Estado de São Paulo, o maior colégio eleitoral de todo o país, assim como já havia acontecido no 1º turno, o atual presidente Jair Bolsonaro voltou a levar a melhor na contagem final dos votos. Com 55,24% dos votos válidos (14,2 milhões de votos), ele ficou bem à frente de Lula, que somou 11,5 milhões de votos, ou 44,76% dos válidos (ver quadros).
Mas, se comemorou vitória em colégio eleitoral tão volumoso como São Paulo, Bolsonaro amargou derrota muito forte na região Nordeste do país: no nove estados da região, Bolsonaro somou 9,9 milhões de votos contra 22,5 milhões de Lula, uma diferença brutal de 12,5 milhões de votos em favor do petista, não contabilizada em favor de Bolsonaro em outras regiões.
De fato, o estado onde Bolsonaro teve votação mais expressiva em relação ao oponente foi em Roraima, com 76,08% dos votos válidos contra apenas 23,92% de Lula. O problema é que Roraima, com pouco mais de 366 mil eleitores, representa apenas 0,24% dos eleitores brasileiros. Já a maior vitória percentual de Lula ocorreu no Piauí, com 76,86% dos votos válidos, contra 23,14% de Bolsonaro. Piauí, com 2,5 milhões de eleitores, representa 1,65% dos eleitores do país.

LULA VENCE NA REGIÃO OESTE

Apesar de ficar bem longe da contagem de Jair Bolsonaro nos sete municípios que compões a região Oeste da Grande São Paulo, o candidato do PT, Lula, manteve a performance de seu partido em parte da Região Metropolitana. Somados os votos de Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira, Itapevi, Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus, Lula obteve 584.068 deles (50,93% dos válidos), contra 562.747 (49,07%) de Bolsonaro (ver quadro).
A exemplo do que aconteceu na eleição para governador do Estado (ver matéria nesta edição), Bolsonaro venceu nas cidades de Barueri e Santana de Parnaíba. Nos outros cinco municípios (Osasco, Carapicuíba, Jandira, Itapevi e Pirapora do Bom Jesus) o vitorioso foi Luiz Inácio Lula da Silva.
A vitória mais expressiva em favor de um dos candidatos ocorreu também em favor de Lula e aconteceu em Itapevi, onde o petista abriu uma vantagem de 12,4 pontos percentuais (ver quadro).

DISCURSO DA VITÓRIA

Estabelecido na Capital paulista, onde acompanhou o processo de apuração dos votos na noite de domingo, 30 de outubro, Lula logo foi às ruas comemorar a vitória para um novo mandato como presidente da República. Num hotel na região da avenida Paulista, discursou para jornalistas e correligionários, falando sobre projetos para a economia, a união do povo brasileiro, e a necessidade de se governar para 215 milhões de pessoas e não apenas para os que nele votaram. “Não existem dois Brasis, somos um único país, um único povo e uma grande não”, salientou.
Depois disso, pelas redes sociais, também assim se manifestou: “No que depender de nós, não faltará amor. Vamos cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro. Viveremos um novo tempo. De paz, de amor e de esperança. Um tempo em que o povo brasileiro tenha de novo o direito de sonhar. E as oportunidades para realizar o que sonha”.