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Cidades da região voltam a registrar crescimento do PIB mas só Osasco se mantém no topo do ranking

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Foto: Arte: IBGE

Cidades voltam a produzir depois da pandemia, mas PIB revela ‘desconcentração’ da economia dirigida para municípios menores

Assim como vem atuando em todo o final de ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no dia 15 de dezembro de 2023, os dados do fechamento de mais um ano sobre os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios brasileiros. Como tem ocorrido regularmente, os números abordam o período de dois anos atrás, neste caso alusivos ao ano de 2021. O levantamento é elaborado em parceria com os órgãos estaduais de estatística, as secretarias estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus – Suframa.
O PIB, em resumo, significa mensurar (medir) toda a riqueza produzida dentro de uma cidade, um estado ou um país. No caso do presente estudo, a mostra revelou os números das cidades brasileiras, levando-se em conta os valores adicionados brutos dos três grupos de atividade econômica: Agropecuária; Indústria e Serviços – além da administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social –, devido à importância dessa atividade na economia brasileira; bem como os impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos; o PIB e o PIB per capita (por pessoa).
Essas informações, além de estabelecer relações macroeconômicas, possibilitam traçar o perfil econômico de cada um dos municípios brasileiros. São instrumentos que conferem diversos significados aos dados do PIB dos municípios, mostrando, por exemplo, padrões de concentração e dispersão associados às formas e densidades de povoamento, bem como às funções econômicas e político-administrativas das diferentes partes do território nacional.

CONTINUA A ‘DESCONCENTRAÇÃO’

A divulgação do ranking com os 100 melhores PIBs do país é a principal atração do relatório do IBGE. Ano após ano ele é liderado pela cidade de São Paulo e assim se repetiu com os números do PIB de 2021, quando a Capital paulista registrou participação nas riquezas produzidas no país em torno de R$ 828,9 bilhões. Em proporção, isso significa 9,20% de toda a riqueza produzida no país naquele ano.
No ano de 2020, os números das principais cidades brasileiras sofreram enorme queda em razão da pandemia de Covid-19. Naquele ano, começaram as restrições à população brasileira, com fechamento do comércio e indústria, proibição de circulação das pessoas e a natural queda na produtividade do país e das riquezas aqui produzidas, justamente o que é medido pelo PIB.
Já em 2021, mesmo que a pandemia ainda fizesse suas vítimas pelo país, percebeu-se um natural crescimento dos números absolutos dos chamados grande centros produtores, citando-se como exemplo justamente o topo do ranking do IBGE: os três primeiros continuaram os mesmos na relação de 2020 para 2021, com São Paulo em 1º, subindo de um PIB de R$ 748,7 bilhões para R$ 828,9 bilhões (acréscimo de 10,71%); em 2º o Rio de Janeiro, crescendo de R$ 331,2 para R$ 359,6 bilhões (acréscimo de 8,6%); e em 3º Brasília, com aumento do PIB de R$ 265,8 para R$ 286,9 bilhões (acréscimo de 7,93%). Na verdade, o ranking de 2020 para 2021 não alterou nenhum dos 7 primeiros colocados e todos eles registraram crescimento em números absolutos na comparação com o ano anterior. Assim ocorreu com Belo Horizonte, Manaus, Curitiba e Osasco, respectivamente 4º, 5º, 6º e 7º colocados no ranking do IBGE.
Entretanto, outro número de destaque marca esse novo estudo: todos esses sete primeiros colocados perderam percentual de participação na produção de riquezas no país. Exemplo: São Paulo, o 1º colocado, produziu 9,20% de toda a riqueza do país em 2021, mas em 2020 havia produzido 9,84%; e Osasco, o 7º colocado, que havia produzido 1,0% de toda a riqueza brasileira em 2020, caiu agora para uma produção em torno de 0,96%.
Mas o que aconteceu? Como tais cidades puderam crescer em volume de produção mas perder em percentual participativo?
O IBGE encontrou uma resposta: que o PIB nacional mantém um processo de “desconcentração” da economia, fazendo com que os grandes centros perdessem participação, enquanto cidades de menor porte – mas com grande potencial produtivo – aumentassem seu percentual. O Instituto cita justamente as maiores quedas percentuais nos cinco primeiros colocados do ranking, enquanto cidades como Maricá (RJ), Saquarema (RJ), Niterói (RJ), São Sebastião (SP) e Campos dos Goytacazes (RJ) apontaram o maior crescimento participativo, com +0,5%, +0,3%, +0,2%, +0,1% e +0,1%, respectivamente. Os maiores índices de crescimento do país.
De fato, a cidade de Maricá, no Rio de Janeiro, aparecia em 26º no ranking do PIB de 2020 e no mais recente estudo, de 2021, já aprece na 8ª colocação, atrás de Osasco.
“Os resultados expressam uma recuperação econômica das capitais e outras agregações com maior participação no PIB brasileiro que, por terem como atividade principal os serviços presenciais, foram fortemente afetadas pela pandemia de Covid-19. No entanto, apesar do aumento nominal desse grupo de municípios em 2021, a participação deles no PIB ainda está aquém do patamar de 2019”, explica Luiz Antonio de Sá, analista de Contas Regionais do IBGE. “O bom desempenho de Maricá se deve à extração de petróleo e gás. Já os cinco municípios que diminuíram sua participação foram influenciados pelos Serviços, sobretudo as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados em São Paulo e Porto Alegre, Administração pública em Brasília e Belo Horizonte, e Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços relacionados no Rio de Janeiro”, destaca Luiz Antonio.
No mais recente levantamento, o IBGE aponta que, em 2021, 11 municípios responderam por quase 25% do PIB nacional e 16,6% da população brasileira, enquanto as 87 cidades com os maiores PIBs representavam, aproximadamente, 50% do PIB total e 36,7% da população do país. Em 2002, apenas quatro municípios somados representavam cerca de ¼ da economia nacional.

A REGIÃO

De 2019 para 2020, como consequência daquela relação com a pandemia, as duas cidades mais produtivas da região Oeste da Grande São Paulo haviam apontado queda na comparação com seus PIBs anteriores: Osasco caíra 6,85% enquanto Barueri registrava queda de 2,96%. Todas as demais cidades da região apontavam crescimento.
No levantamento atual, com números de 2021, os dois municípios voltam a registrar forte crescimento: Barueri, com um PIB de R$ 58 bilhões, apontou alta de 13,21% em relação ao ano anterior; enquanto Osasco, com riquezas produzidas em torno de R$ 86,1 bilhões, teve crescimento de 12,84% em relação ao período anterior.
Apesar do forte percentual de crescimento dessas duas, todas as demais também apontaram índices positivos em relação a 2020: Santana de Parnaíba (+16,60%), Carapicuíba (+10,13%), Jandira (+6,77%) e Itapevi (+ 2,15%).
Mas ninguém chegou sequer perto do índice de crescimento de Pirapora do Bom Jesus: a cidade com menor população da região (19,4 mil habitantes em 2021) subiu de um PIB de R$ 523,5 milhões para R$ 826,6 milhões, numa evolução positiva de 57,95% entre os dois anos (ver quadro). O PIB geral da região subiu de R$ 161,3 bilhões para R$ 181,2 bilhões, crescimento de 12,32%.
Em relação ao ranking dos melhores, o município de Osasco continua mantendo o “status” de ser o 7º maior PIB de todo o país e o 2º dentro do Estado de São Paulo. À sua frente, no Brasil, estão apenas capitais de estados: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Manaus (AM) e Curitiba (PR). Dentro do Estado de São Paulo, assim como ocorre desde 2013, Osasco fica atrás somente da Capital paulista.
Barueri é a outra cidade da região que se mantém no ranking dos 100 melhores municípios do país, porém caiu três posições em relação ao estudo anterior: no PIB de 2020, a cidade aparecia na 14ª colocação e agora, com os números de 2021, está na 17ª posição.
Itapevi era a terceira cidade da região Oeste que constava no ranking dos 100 melhores quando, em 2020, figurava em 93º lugar. Agora, deixou esse patamar, aparecendo somente na 118ª colocação (ver quadro).
Os outros quatro municípios da região também não constam entre os 100 melhores do país e apresentaram a seguinte performance em 2021, na comparação com 2020: Santana de Parnaíba, com PIB de R$ 11,5 bilhões caiu no ranking nacional da 125ª para a 128ª posição e no cômputo estadual também caiu da 42ª para a 43ª colocação. Carapicuíba, com PIB de R$ 6,8 bilhões, também caiu nas duas contagens: da 193ª para a 215ª posição no ranking nacional e da 64ª para a 65ª no estadual. Jandira, com R$ 4,9 bilhões desceu no nacional (de 245 para 284) e também no estadual (de 75 para 81). Por fim, Pirapora do Bom Jesus foi a única que subiu nos dois rankings, mas devido ao seu pequeno valor total, aparece bem longe das demais: no ranking nacional, a cidade subiu da 1.508ª posição para a 1.213ª, enquanto no estadual foi da 288ª para a 253ª.

PIB PER CAPITA

Apesar de boas participações no ranking dos valores absolutos, quando o valor da produção das riquezas das cidades da região é confrontado com o número de habitantes de cada uma delas, tais resultados não são tão favoráveis assim. Trata-se do PIB per capita, que o IBGE aponta de forma simples, dividindo o valor total do PIB pelo número de habitantes de cada cidade.
Na comparação nacional, Barueri continua sendo a cidade da região que melhor posição ocupa, ficando na 51ª colocação (em 2020 aparecia na 29ª posição), com um PIB per capita de R$ 207,4 mil. Ou seja: em 2021, se o PIB total da cidade fosse dividido por seus 279 mil habitantes (dados daquele ano), cada um deles teria o montante de R$ 207,4 mil no ano. Osasco, com o 7º melhor PIB do país, está muito atrás na avaliação per capita e aparece nesse ranking somente na 132ª posição (em 2020 estava na 92ª colocação).
A própria Capital paulista não tem boa posição nesse aspecto da justiça social para com seus cidadãos e aparece somente na 510ª posição do ranking nacional, com PIB per capita de R$ 66,8 mil. A melhor do país nesse quesito é a cidade de Catas Altas, em Minas Gerais, com média de R$ 920,8 mil por pessoa/ano.
As demais cidades da região praticamente “desaparecem” no cenário nacional per capita: Santana de Parnaíba é a 351ª (em 2020 era a 245ª); Itapevi aparece em 854º (era 535ª no ano anterior); Pirapora está na 1.298ª posição (era 1.960ª no levantamento anterior); Jandira ocupa a 1.542ª posição (era 1.225ª); e, por último, Carapicuíba é apenas a 3.500ª do país (era a 3.427ª em 2020) – ver quadro.
Em todo o país, o IBGE computou dados de 5.570 municípios.
O PIB brasileiro (de todo o país), nos últimos anos, apresentou os seguintes valores absolutos: R$ 5,99 trilhões em 2015; R$ 6,26 trilhões (2016); R$ 6,28 trilhões (2017); R$ 7,04 trilhões (2018); R$ 7,1 trilhões (2019); R$ 7,4 trilhões (2020); R$ 8,9 trilhões (2021); e R$ 10,1 trilhões (2022).

Foto: Arte: IBGE