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F1 adia introdução de mudanças técnicas e poderá proibir alterações nos carros antes de 2023

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Palco da primeira corrida da F1 em 1950, Silverstone está ameaçada de ficar de fora do calendário deste ano quando ele começar a ser cumprido

O cancelamento do início da temporada do Campeonato Mundial de Fórmula 1 (F1), que devido à pandemia da Covid-19 já suspendeu as oito primeiras provas do calendário de 2020, não está impedindo intensa movimentação dos chefes das equipes e dos dirigentes da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Nos bastidores, eles vêm se articulando e conversando no sentido de tanto acertarem mudanças que possam tornar viável a competição ainda neste ano, como definir novas regras técnicas para as edições posteriores, visando a garantir mais equilíbrio entre os carros e maior competitividade dentro das pistas. Nestes debates, por exemplo, as partes já admitiram que a introdução do novo regulamento técnico, prevista para 2021, deveria, a princípio, ser transferida para 2022, mas no meio já circulam pedidos para que seja estendida ainda para mais além, valendo apenas em 2023.
A exemplo do que vem ocorrendo também em modalidades que movimentam vultosas cifras como o futebol (ver matéria nesta página), foi a queda de arrecadação que levou o circo da F1 a, por unanimidade, aceitar o adiamento das novas regras para temporadas futuras, respeitando-se apenas a determinação que proibirá o desenvolvimento de novos modelos de carros para 2021 — ou seja, eles terão de ter os mesmos elementos previstos no projeto de 2020, exceto em pequenos ajustes aerodinâmicos. Essas decisões poderiam favorecer à Mercedes, casa dos atuais campeão e vice mundiais, o inglês Lewis Hamilton e o finlandês Valteri Bottas, que seguiriam em vantagem por terem a bordo o Sistema de Direção de Eixo Duplo (DED), que permite aos pilotos ajustarem o ângulo das rodas dianteiras enquanto correm. A montadora alemã, contudo, divulgou que banirá o equipamento em 2021.
“O que de mais importante precisamos no momento é ter estabilidade, porque quando mudanças são introduzidas, gastos também são, e estabilidade, neste momento, além de guardar esse desenvolvimento do carro, é um modo responsável de reduzir despesas”, disse, por exemplo, Christian Horner, chefe da Red Bull, apontando para uma “concordância razoável” sobre o adiamento das mudanças técnicas para daqui três anos. “Estamos conversando sobre adiar o novo regulamento por mais um ano [de 2022 para 2023], porque, em minha mente, seria totalmente irresponsável ter o fardo dos gastos de desenvolvimento em 2021”.
Em 2021, no entanto, o teto de gastos previsto deverá ser mantido em cerca de R$ 900 milhões conforme a cotação atual, na tentativa de favorecer provas mais competitivas e reduzir a diferença de desempenho entre as escuderias. Horner ponderou que acompanha uma “discussão positiva e saudável” entre as equipes sobre o máximo a ser investido, mas classificou tal preocupação como não prioritária face à pandemia da Covid- 19. “O teto orçamentário é quase secundário, pelo menos para mim; o principal é reduzir os custos para podermos correr”, argumentou. “Com 60% do chassi congelado pelos próximos 18 meses, por exemplo, teríamos redução dramática nos custos operacionais de uma equipe de F1, seja a Red Bull ou a Williams”.

GP de Silverstone pode ser suspenso

A Grã-Bretanha já está pedindo à FIA e aos promotores do Grande Prêmio de Silverstone que definam, no máximo até o final de abril, se deverão mesmo promover a corrida deste ano no lendário circuito, palco há 70 anos da primeira corrida da categoria. Marcada para 19 de julho, e que, após o já confirmado cancelamento das oito primeiras etapas de 2020, o GP no circuito localizado na Inglaterra seria o quarto da temporada. “Silverstone e a Fórmula 1 permanecem em diálogo próximo sobre a contínua situação e estão analisando a viabilidade de realizar o GP da Grã-Bretanha entre 17 e 19 de julho”, diz um comunicado nesse sentido. “Compreendemos que outros eventos esportivos que seriam realizados no Reino Unido em julho já tomaram decisões sobre seus futuros, mas é importante destacar que suas logísticas e arranjos esportivos são diferentes do nosso e, por isso, temos como prazo o final de abril para tomarmos uma decisão”, prosseguiu a nota. “A segurança de nossos fãs, colegas e a comunidade da F1 será nossa prioridade e continuaremos trabalhando com as autoridades apropriadas”.
Sobre o futuro da temporada 2020, o chefe da F1, Chase Carey, afirmara antes deste comunicado que esperava apresentar em breve um novo calendário com 15 a 18 etapas, começando a ser cumprido no verão do hemisfério Norte. O GP do Canadá, marcado para 14 de junho, passaria a ser a primeira corrida da temporada, e até o fechamento desta edição na quinta-feira, 2 de abril, nenhuma decisão fora tomada quanto às etapas da França e da Áustria, que precederiam Silverstone. O GP do Brasil, em Interlagos, seria o 13º, em 15 de novembro.