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Respeito ao idoso

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João Baptista Herkenhoff

O respeito ao idoso não é um fato natural, automático, espontâneo. Com frequência somos valorizados pela capacidade de produzir e consumir. O idoso não “produz”, na visão que as sociedades capitalistas têm do que seja produção.
A única “senha” de que dispõe o idoso, para ter status de “pessoa”, nessas sociedades, é ser “consumidor”.
O que fazer então para resguardar um “mínimo ético”, dentro da organização social em que estamos mergulhados?
Creio que a primeira atitude a adotarmos é a de buscar manter um “nível de consciência” que nos permita discernir com clareza os fatos de cada dia e sobre esses fatos emitir julgamento. Tenha o idoso, ele próprio, sentimento de auto-estima e valor.
A propósito desse tema, como são encorajadores os ensinamentos bíblicos: o Gênesis indica a vida longa como um prêmio concedido por Deus; o Eclesiástico ensina que a experiência acumulada pelo idoso deve ser guia para os jovens; o Livro da Sabedoria sentencia que os cabelos brancos são sinal e virtude dos mais velhos.
Também filósofos e escritores nos ajudam a compreender o significado da Terceira Idade: uma bela velhice é a recompensa de uma bela vida (Pitágoras); saber envelhecer é a obra-prima da sabedoria e uma das partes mais difíceis da grande arte de viver (Amiel); os velhos precisam de afeto, como precisam de sol (Victor Hugo); não respeitar a velhice equivale a demolir de manhã o telhado da casa em que se há de pousar de noite (Karr).
Algumas pessoas encaram a aposentadoria como se esta marcasse o “ponto final” nas atividades produtivas. Quando reagimos dessa forma, fazemos coro à visão capitalista do que seja produzir.
No caso dos magistrados, o assunto é tão sério que atinge a dimensão existencial.
Mas o fato não ocorre apenas com juízes. Advogados, professores, médicos, comerciantes, bancários, jornalistas, funcionários públicos graduados ou modestos, profissionais em geral experimentam a contraditória angústia da aposentadoria. Conselhos e sugestões de psicólogos e médicos tentam propor estratégias para que o “rito de passagem” ocorra sem traumas.
De minha parte, a aposentadoria como juiz de Direito foi sofrida. Desligava-me de um trabalho a que me dediquei com entusiasmo e vocação. Continuando, entretanto, a exercer o magistério, suportei melhor a perda do cargo de juiz.
Hoje sou professor itinerante. Nesta condição, tenho proferido palestras e coordenado seminários de Cidadania, Ética e Direito. O caminho que encontrei resultou do conselho de pessoas amigas. Mas não é o único possível.
Muitas coisas extremamente úteis e emocionalmente gratificantes podemos fazer nesta vida, independente de estar aposentado ou não.
Cada pessoa procurará a rota da felicidade, de acordo com as circunstâncias.

João Baptista Herkenhoff é juiz de Direito aposentado (ES), palestrante e escritor