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Sem bola rolando, estádio do Pacaembu acolherá infectados pelo Covid-19

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Gramado do estádio estará ocupado por 202 leitos, sob uma tenda

Um dos mais importantes do país, admirado pelos paulistanos como um símbolo da cidade de São Paulo, sede da Copa do Mundo de 1950 e palco de memoráveis decisões do futebol, não apenas do Estado, já que entre elas está a decisão da Copa Libertadores da América de 2012 entre Corinthians e Boca Juniors; o estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, começou no domingo, 22 de março, a ganhar nova função e ser transformado em hospital de campanha. A iniciativa envolve parceria entre a Prefeitura da Capital, a empresa privada que adquiriu recentemente a concessão para a exploração comercial do equipamento e de seu complexo desportivo e o Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e objetiva à construção de 202 leitos para infectados pelo coronavírus. O microorganismo é o responsável pelos casos de Covid-19, doença que se espalhou pelo mundo e há algumas semanas levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar pandemia em todo o planeta.
Antes de começarem as obras para instalação do hospital de campanha, apesar de sua importância histórica e de sua privilegiada localização geográfica no bairro do Pacaembu, o Paulo Machado de Carvalho vinha caindo no ostracismo e atravessando um período de subutilização para o futebol que se acentuou após a construção da Arena Itaquera, onde o Corinthians passou em 2014 a receber seus adversários. O clube alvinegro é o recordista de partidas ali, em cujo gramado disputou 1.690 jogos; o último evento de vulto no Pacaembu já está completando dois meses: a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, entre a dupla gaúcha Internacional e Grêmio, no feriado paulistano de 25 de janeiro.
Com a bola não mais correndo pelo gramado, a Prefeitura de São Paulo, a empresa e o HIAE assumiram a tarefa de construir dentro das quatro linhas do estádio o hospital emergencial, que entre outros benefícios vai gerar 1.000 postos de trabalho, a maioria para profissionais de enfermagem. Concluir a tenda de 6.300 metros quadrados (m2) exigirá o emprego de mais 80 funcionários, que deverão concluir todas as etapas do projeto e deixar tudo em condições de uso pelo público no prazo de 10 dias, portanto, no início de abril. Para acelerar a execução, a empresa concessionária repassou parte das obras a uma firma sócia que tem experiência em montagem de estruturas provisórias e também na construção de hospitais de campanha com tendas.

COMPLEXO DO ANHEMBI

A Prefeitura de São Paulo comunicou, ainda, que os leitos de campanha do Pacaembu se somarão aos 1.800 que também serão instalados no Complexo do Anhembi, que fica no bairro da zona Norte da Capital e é mais conhecido por hoje abrigar o sambódromo. Assim, ao todo, os dois locais abrigarão mais de 2.000 leitos para receber pacientes com coronavírus de baixa complexidade hospitalar.
A escolha de quem terá direito às vagas em ambos os hospitais será prerrogativa da Secretaria Municipal de Saúde, que, entre os critérios, dará preferência àqueles que já tiverem passado por outros hospitais ou unidades básicas de saúde.
Sobre o Complexo Desportivo do Pacaembu, ele estará fechado para outras atividades ao público em geral, assim como o Museu do Futebol, enquanto durar a pandemia.
A decisão de transformar o Pacaembu em hospital de campanha coincide com a postura dos quatro principais clubes do Estado que, a exemplo de outras agremiações do futebol nacional, estão cedendo suas dependências às autoridades sanitárias para reforçar ações de combate ao coronavírus (ver matéria ao lado).